quinta-feira, junho 30, 2016

Caso PC Morato: PGR-PE enviou pedido de federalização / Liberação do corpo está próxima / Mãe não acredita em suicídio

PGR-PE já enviou pedido de federalização do caso Morato para Janot
Ficará a cargo do procurador-geral da República decidir se apura ou arquiva a investigação
Da Redação

Carlos Humberto/SCO/STF

PGR-PE já providenciou remassa de documento para Janot
O Ministério Público Federal- Procuradoria Geral da República, em Pernambuco, informou, ontem, que o pedido de federalização da investigação da morte do empresário foragido Paulo César de Barros Morato, protocolado na última segunda-feira pelo deputado estadual Edilson Silva (PSOL), foi encaminhado, ontem, ao procurador-geral Rodrigo Janot, em Brasília. A chegada do documento à PGR está prevista para amanhã, mas o processo só deverá chegar às mãos de Janot na próxima semana.

A Procuradoria, contudo, não soube informar prazos. Ficará a cargo do procurador-geral da República decidir se apura ou arquiva a investigação. Edilson Silva, por sua vez, pretende ir à Capital Federal, na próxima semana, para tentar audiência com Janot ou assessores do procurador, a fim de pedir uma decisão mais rápida do processo. Ele pretende, também, convocar a bancada do PSOL no Congresso Nacional para atuar juntos no caso. Morato era considerado o “testa de ferro” de um esquema de desvio de recursos públicos que envolve mais de R$ 600 milhões, investigado pela Operação Turbulência da Polícia Federal, e foi encontrado morto no último dia 22, no Motel Tititi, em Olinda.

Oposição
Ontem à tarde, dois dias após ter anunciado que iria protocolar um pedido de informações, a bancada de oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco deu entrada, na Presidência da Casa, no requerimento pedindo para que o Governo do Estado envie à Alepe todo o material referente à morte de Morato, para que os parlamentares possam acompanhar as investigações.

Líder da oposição na Casa, o deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB) afirmou que ao requerimento foram anexados a nota em que o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) e uma série de reportagens, ambas questionando a perícia no quarto do motel Tititi, local em que o empresário foi encontrado. “Nós já queríamos ter dado entrada antes, mas como estamos próximos do recesso, terminamos adiando para hoje (ontem, último dia antes do recesso)”, explicou Silvio Filho.

Ainda de acordo com o parlamentar, a Polícia Civil deve repassar oficialmente à Alepe todo o cronograma, fatos e os motivos que levaram à morte de Morato. “A Assembleia e os deputados de oposição têm direito constitucional de conhecer os fatos. E a gente quer, além das entrevistas que foram dadas na coletiva, da delegada, que o Estado responda sobre o desfecho deste caso”, pontuou ele, acrescentando que não quer fazer nenhuma ilação, mas que diante de “tantas contradições” nas investigações o pedido se faz necessário. O Governo tem 30 dias para responder à demanda da oposição e o recesso não impede a contagem do prazo, segundo Silvio Filho.
Liberação do corpo de Morato está próxima
Pasta de segurança ressaltou que unidade de necropsia paraibana é parceira do IML pernambucano

Da Folha de Pernambuco

As perícias no corpo de Paulo César de Barros Morato estão perto de ser concluídas. Havia uma hipótese, até o fechamento desta edição, que ele pudesse ser liberado amanhã ou ainda na madrugada de hoje. Uma fonte ligada ao Instituto de Medicina Legal (IML) revelou à Folha que os laudos toxicológicos e histopatológicos deverão ficar prontos neste período. Porém, o resultado dos exames só deverão ser divulgados após determinação da Secretaria de Defesa Social (SDS).

Enquanto isso, ontem, mais uma polêmica envolveu o Executivo e a categoria de policiais civis, após a denúncia do Sinpol-PE, de que vísceras coletadas do cadáver do empresário foram examinadas por legistas da Paraíba. O presidente do sindicato, Áureo Cisneiros, rechaçou a postura da SDS em não divulgar, anteriormente, a transferência. “Ficamos sabendo informalmente que as vísceras foram encaminhadas para o IML de João Pessoa e viemos até aqui (IML do Recife) para saber o porquê da medida.
Além disso, vamos questionar a direção da unidade o porquê do traslado não foi divulgado à Imprensa e a sociedade pernambucana. Logo em um caso tão emblemático, que remonta até na Operação Lava Jato”, criticou Cisneiros.

Em nota, a SDS justificou a transferência do material aconteceu por motivo da manuntenção períodica do equipamento denominado de Cromatógrafo Gasoso Acoplado ao Espectofotômetro de Massa (CGMS), que realiza exames toxicológicos para identificar substâncias químicas ou drogas presentes no organismo. A pasta de segurança ressaltou que a unidade de necropsia paraibana é parceira do IML pernambucano.
O traslado foi feito na última segunda, quando o perito do caso viajou para João Pessoa com uma das amostras de seis vísceras coletadas do corpo do empresário. O legista retornou no mesmo dia para Recife.

Na semana passada, informações davam conta de que a família de Morato estaria fazendo uma cota para bancar as despesas do velório. No entanto, um familiar do empresário que preferiu preservar sua identidade, revelou à Folha que tanto o velório quanto o sepultamento já estão pagos, aguardando apenas a liberação do corpo no IML.
Mãe de Morato não crê em suicídio
“Ele não se mataria jamais", afirma

Da Folha de Pernambuco

A mãe do empresário Paulo César de Barros Morato, considerado o “testa de ferro” da organização criminosa suspeita de levar dinheiro para as campanhas do ex- governador Eduardo Campos, acredita que o filho não se matou. Em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, a mulher, de 71 anos, que é funcionária pública aposentada e preferiu não se identificar, defendeu a tese de que ele sofreu um infarto fulminante, já que era cardíaco e diabético. Ela também descartou a hipótese de homicídio.

“Ele não se mataria jamais. Acredito que Paulo estava passando por aquele motel e parou porque se sentiu mal. Ele tinha problemas de saúde e deve ter infartado lá dentro”, comentou. Mesmo sem ter conhecimento da participação do filho no esquema que movimentou mais de R$ 600 milhões entre 2010 e 2016 e assustada com toda a repercussão do caso, a aposentada vive uma vida simples e sempre morou de aluguel.

Há dez meses, ela reside com a primogênita e o caçula, que também optaram por sigilo na identidade, em um condomínio  localizado no bairro de Piedade, em Jaboatão. Antes, a mulher havia morado, durante oito anos, em uma casa conjugada em Prazeres, também em Jaboatão.
Durante esse tempo, a mãe de Morato chegou a vender feijoada para complementar a renda familiar e garantiu que o filho nunca lhe deu um centavo.

A aposentada também  revelou que não via Morato há, pelo menos, dois anos e que os dois não mantinham contato telefônico. Ela sequer sabia o endereço dele. “Paulo era uma pessoa boa, um homem bom, trabalhador, mas a gente tinha pouca convivência. Ele tinha um jeito reservado e era afastado da gente. Nessa casa nova, por exemplo, ele nunca pisou”, revelou a mulher, que também comentou sobre a morte de um outro filho, durante um assalto, em 2006.

No endereço antigo da mãe do empresário, vizinhos garantiram que nunca viram Morato por lá. “A gente sabia que ela tinha esse filho porque ela se orgulhava bastante dele. Ela já chegou a comentar pra gente que ‘tinha um filho rico’, que ‘tinha um filho com casa na praia’... mas a gente aqui nunca tinha visto esse homem. Só descobrimos que ele era filho dela durante toda essa repercussão”, comentou uma moradora, que também preferiu não se identificar.

Os irmãos de Morato declararam que também não tinham contato com ele. “A gente gostava dele, sabia que ele era um homem bom, mas, se ele realmente entrou nessa, a gente não tem nada a ver com isso”, revelou a primogênita, que fez questão de mostrar todos os cômodos da casa para exibir que não vivem com muito conforto. Já o irmão por parte de mãe comentou que Morato vivia para a esposa e as filhas. “Jane e as filhas dela eram a família dele. Eles viveram juntos por 26 anos e se separaram há alguns meses. Paulo ajudou a criar as duas meninas, uma delas é a advogada Gleicy”, comentou.

O carro - um Jeep Renegade -  encontrado com Paulo César Morato no Motel Tititi, em Olinda, estava financiado no nome da enteada, Gleicy Leandro da Silva. A empresa que Paulo era proprietário, a Tamandaré Cell, também estava no nome de Gleicy. A reportagem da Folha foi até o possível endereço da advogada, na Iputinga, no Recife, mas moradores do prédio informaram que ela não mora lá há, pelo menos, dois anos.

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